quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Você já encontrou com Deus hoje?


Hoje foi mais um dia comum, sem grandes fatos, mudanças ou novidades, filho legítimo da rotina contemporânea. A volta pra casa no ônibus, já que meu carro está na oficina, foi o que de mais atípico me aconteceu, principalmente pelo que pude ler no caminho, aproveitando por não estar dirigindo.

Estou lendo com bastante cuidado o livro "A sabedoria dos jesuítas para (quase) tudo", do padre James Martin. Sabe aquela leitura que dá vontade de anotar tudo e refletir por horas cada linha lida em segundos? Pois é... Neste ritmo, parei numa frase da página 10, que fala de uma das definições da espiritualidade inaciana: "encontrar Deus em tudo". Incrível como esta frase é forte, principalmente quando vivemos o tal dia legítimo da rotina contemporânea, que mais parece ter sido um déjà vu de ontem ou mesmo um presságio do amanhã.

Nós ficamos tanto tempo procurando por Deus e pelos Seus sinais e vem Santo Inácio nos dizer que o grande lance é justamente encontrar Deus em tudo. Mas, como? Se nada hoje teve a menor graça, como pode Deus ter estado ali? É só mudar a perspectiva do olhar. Tudo pode ser graça. Mas, a gente vive numa perspectiva em que o que se queria pra si ontem já não vale mais a pena hoje. Os anseios se confundem com objetivos quase que inalcançáveis. Neste cobrança insana e quase patológica, não temos nem tempo de encontrar com Deus, mesmo ele estando em tudo.

Muitas vezes perdemos tempo procurando por Deus, criando ritos para encontrá-Lo. Quando, na verdade, ele está ao lado. No ar que respiramos, no amanhar que se levanta, como escreve o compositor. Permita-se. Agradecer pelo que você já conquistou, já viveu, já teve a oportunidade de ver, conhecer, sentir, saborear. Permita-se ver a metade do copo cheia. Permita-se, ao menos, encontrar-se com Deus por um segundo, uma imagem, um carinho, um momento do seu dia.

domingo, 26 de julho de 2015

É proibido não deixar a vida mais leve

"É proibido não rir dos problemas, não lutar pelo que se quer, abandonar tudo por medo [...] É proibido não ser você mesmo diante das pessoas [...] [É proibido] Ter medo da vida e de seus compromissos, não viver cada dia como se fosse um último suspiro [...] É proibido não criar sua história".

O trecho citado acima é do poeta chileno e prêmio Nobel de Literatura, Pablo Neruda. Texto tão simples e que parece tão óbvio, não é? Neruda não precisava escrever difícil, Neruda tinha o maior dos dons: soube ser feliz. Vida de conquistas, mas também de horas olhando pra o mar e para as montanhas. Vida de soluções e também de contratempos, uniões e separações. Vida normal de quem vive. Mas, com a maestria da felicidade.
Inspirando-me em Neruda, hoje eu queria escrever sobre a leveza da vida, ou a falta de leveza, em muitos casos.

A gente costuma dar aos problemas uma dimensão maior do que eles tem. O que é um problema? Podemos pensar na perspectiva que é sempre algo que tem solução. Portanto, existem menos motivos para pânico do que os imaginamos. A vida é mais pesada porque nos cobramos sempre o 100%. A falha ou a limitação - que são condições humanas imutáveis - estão quase sendo abolidas do imaginário permitido para os que querem ter sucesso. Não há autoestima que resista a esta busca pela perfeição.

Quando escrevo isso, busco refletir para minha vida e fazer você que lê parar também dez segundos pra pensar sobre isso. Estamos vivendo ou sobrevivendo? Vivemos para nós mesmos ou vivemos para um projeto de sucesso e competição quase que exaustivamente? 

Lembro - me de Jesus que, das poucas escolhas que fez quando passou pela Terra, escolheu 12 homens para O acompanhá - Lo. Todos com falhas e condutas inadequadas, inerentes à condição deles de humano. Jesus não quis perfeitos. Não construiu perfeitos. Escolheu imperfeitos e concebeu neles a busca pela melhoria, pela verdadeira missão.
A vida precisa ser mais leve. A vida precisa ser mais prazerosa de se carregar. Ou, quem sabe, ser tão leve que vai nos acompanhar como uma pena ou uma pedaço solto se uma flor, voando.

E se os problemas aparecerem?  Tenha certeza que eles vão aparecer. Você vive para poder resolvê - los. Dando a eles a dimensão que eles tem. Nada perto de soluções como viver, amar e sentir.

domingo, 19 de julho de 2015

Sua vida tem um propósito?

Eu acordei cedo pra caramba hoje e estou morrendo de sono. Juro que tentei dormir, mas meu coração ardia pra escrever sobre a experiência deste domingo.
Meu blog cheio de poeira, cheio de promessas de textos que há tempos insistem em não sair da minha mente.
Aí vem um domingo despretensioso. Minha primeira participação na Jornada da Espiritualidade Jovem em Salvador. Nome difícil que se resume a um encontro com 500 jovens católicos, dos quatro cantos da cidade, com formas de rezar diferentes, mas unidos no mesmo propósito.
O palestrante principal do evento foi Astromar Miranda. Confesso que o conhecia bem pouco.  Talvez esse também tenha sido um mimo de Deus para mim hoje. A falta de expectativa me fez achar todas as suas palavras ainda mais agradáveis do que já seriam se o acompanhasse há anos. 
No centro da linha de pensamento de Astromar vem a idéia que devemos ter uma vida com metas, objetivos e propósitos. Queria me apegar a esta terceira palavra: Propósito.
Qual é o propósito de sua vida? Será que você já parou pra pensar nisso nos últimos 5, 10 anos? Ou será que você nunca fez isso e tem até medo de um dia pensar em fazer?
A grande verdade é que nós fugimos de nós mesmos. Reclamamos de uma vida que foi escolhida por nós para viver. Não compreendemos o propósito de uma vida que nunca teve sequer proposta.
Na prática, vamos deixando a vida nos levar. A empresa nos levar. A economia nos levar. A tendência nos levar. É mais fácil e cômodo do que tomar as rédeas. Se o cavalo é manso, nada mais gostoso do que se espreguiçar e deixar ele seguir, com as nossas mãos livres. O problema é que aí um dia o cavalo pode cair, mudar de direção bruscamente...
Para saber o verdadeiro propósito de nossas vidas é preciso buscar Jesus. É preciso alcançá - Lo para discernir junto com Ele esta missão tão importante.

Por muito tempo eu preferia escrever sem ficar falando da minha experiência religiosa. Sempre achei que poderia soar excludente ou até mesmo pretensioso. Mas, na verdade, falo de Jesus agora porque só por Ele é que eu estou escrevendo aqui e, quem sabe, até, gerando algum tipo de reflexão nas pessoas. Jesus é a melhor maneira de se buscar a felicidade. E Jesus nós chama por inteiro. Não pela metade. Não no "quase". 

Jesus tem um propósito para nós. Deixemos também que a gente encontre o nosso propósito e o apresente a Cristo. Se os dois combinarem, é só fazer a mala e seguir como Deus quer.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Duas horinhas de céu


Mesmo longe daqui por tanto tempo, confesso que nunca esqueci do Blog. Por uns dias, ele foi substituído por pensamentos, cadernetas e agendas. Mas, na Semana Santa, quando estou por escolha mais reflexivo e introspectivo, fui convidado por mim mesmo pra voltar até aqui.
Quero falar um pouco sobre a experiência do show do padre Fábio de Melo no último domingo aqui em Salvador. Na data em que Salvador comemorou 466 anos, fomos presenteados com o show do Padre Fábio, na praça pública, sob o olhar atento do poeta Castro Alves. 

Cheguei um pouco atrasado, quando já tinha passado alguns minutos do show. Anda pra aqui, anda pra ali, encontra o melhor lugar. Pouco tempo depois, já dava pra sentir que aquela seria uma experiência bem próxima de Deus. Foram "duas horinhas de céu". Na praça, rodeado por famílias, freiras, idosos, crianças e jovens, a cada música, letra e reflexão feita pelo padre Fábio, era possível exercitarmos pensamentos individuais, lembrarmos de uma pessoa querida, relembramos de momentos passados.
(foto: Valter Pontes/ Prefeitura de Salvador)
O padre Fábio de Melo, como muitos vendem a ideia por aí, não é genial por ser um homem que se coloca numa posição principal e diferenciada. O padre Fábio de Melo chega tão fortemente às pessoas porque se permite ser instrumento de Deus. Ontem, durante o show, ele dizia que a ''verdadeira riqueza é amar e ser amado''. Que, diante de tantas experiências de riquezas materiais que ele presenciou, amar e ser amado são dois motivos que mais trazem felicidade. Sábias palavras. A vida do padre Fábio não é formada só por flores e multidões o aplaudindo - basta fazer uma curta pesquisa. Mas, ele decidiu amar e servir a Deus. Por isso, por ser tão disponível a Deus, ele hoje chega tão facilmente às pessoas, principalmente àquelas que mais precisam. É servindo que nós somos, depois, servidos.

Pra quem esteve na praça Castro Alves na noite desse Domingo de Ramos, foi possível viver ''duas horinhas de céu''. As músicas e reflexões tocavam direto no coração, geravam lágrimas de segurança em Deus, de superação, de emoção. As ''duas horinhas de céu" nos dão força para renovar a nossa fé e sair em missão, pra evangelizar.

Todos nós podemos ser instrumentos de Deus. Talvez numa dimensão menor, todos nós podemos ser o Pe. Fábio do outro, aquele que consegue apresentar Jesus na linguagem e na doçura correta. E as "duas horinhas de céu"? Elas podem ser diárias. Depende muito mais da nossa entrega a Deus do que do show do Pe. Fábio.

Que Deus nos abençoe nesta Semana Santa. É, ainda mais, um momento de ficar ao lado Dele. Com Ele, por Ele e para Ele.