sábado, 15 de dezembro de 2012

Sou um pouco do meu irmão... Ou muito!

Essa semana me deparei com um fato de rotina que me fez perceber uma influência muito forte na minha personalidade. Na verdade, fui arrumar os cd's da estante aqui de casa. Esses cd's são, na grande maioria, do meu irmão Eduardo. Ele que se mudou para morar com a sua esposa há cerca de dois anos e deixou aqui alguns pertences, como esses discos.
Então, como dizia, lá fui eu arrumar esses discos... Tinha um pouco de tudo, principalmente coisa antiga. Volumes e mais volumes de bandas de forró: Calcinha Preta, Gatinha Manhosa, Limão com Mel e até Raio da Silibrina. Meu irmão também tinha ouvidos para o Rock, a MPB e outros ritmos mais sensíveis. Na minha arrumação encontrei Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, coletâneas de Rock, Madona e até Sandy e Junior. E o que tem a ver tudo isso com "uma influência muito forte na minha personalidade"?
Enquanto arrumava, fui percebendo que já tinha ouvido um pouco de tudo o que tinha ali. Na verdade, meus gostos foram formados a partir daquele gosto. Se hoje sei as letras de algumas músicas, foi porque ouvir Eduardo cantar. E assim foi também no futebol. Se hoje amo o Flamengo e simpatizo com o Vitória, foi porque Eduardo sentia o mesmo. E assim foi também na vida... Lembro-me bem que aluguei minha primeira casa para passar o São João com apenas 14 anos - novo demais. Fiz isso porque cresci vendo Eduardo organizar excursões e casas com um monte de amigos. Se passei no vestibular, foi porque Eduardo me deu quantos cadernos precisei e me deu broncas na hora certa. Se trabalho onde trabalho, foi porque Eduardo sempre me empurrou pre chegar lá!
Hoje, se visto uma camisa de botão com uma calça social, lembro de Eduardo. Se saio com minha namorada para jantar, recordo-me das histórias dele. Se penso no futuro, coloco nos sonhos os sonhos que ele tinha para mim. Mãe do que a representação da figura paterna e masculina, Eduardo foi e continua sendo para mim uma referência. Meu irmão sempre teve traços de pai. Agora, morando em outro bairro, o vejo menos. No entanto, vivo um pouco dele diariamente. Que me conhece sabe que tenho um pouco de Eduardo. Com muito orgulho, obrigado!

Por ironia do destino, enquanto escrevia esse texto - as 23:30h de um sábado - recebi uma mensagem do mesmo perguntando se o Vitória sub-20 tinha sido campeão. Pois é, formado e trabalhando, devo dizer que sou jornalista também para informar Eduardo! hahahaha!

domingo, 9 de dezembro de 2012

Um filme sertanejo, que conta a história de gênios



Ontem tive a oportunidade, com um certo atraso, de assistir ao filme "Gonzaga, de pai para filho". Estava ansioso para ver o longa-metragem, já que tenho uma identidade com a vida deste ídolo brasileiro e, principalmente, nordestino. Como não sou crítico de cinema, nem tenho a menor pretensão de ser, só posso dizer que o filme é maravilhoso. Fantástico. Uma experiência enraizada na emoção.
Como sugere o título, o longa conta a história de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e do seu filho Gonzaguinha, protagonista da Música Popular Brasileiro. Com um romantismo moderado, a obra retrata a relação complicada entre pai e filho, os deslizes do ídolo sertanejo e a personalidade complicada do seu herdeiro.
Luiz Gonzaga, a quem tenho total admiração e atribuo o título de um dos maiores gênios desse país, está longe de ser um santo. Sertanejo, sofredor, saiu cedo de casa e carregou essa imaturidade por toda a vida. No entanto, sempre foi uma pessoas de bem. Veio do povo e caminhou com o povo. Reencontrou o sertão e levou-o consigo durante o resto da vida. Luiz Gonzaga, filho de Januário e Santana, filho de Exu, força do Nordeste, pai do Baião.

Gonzaguinha, que foi embora cedo para ficar ao lado do seu pai, também derramou talento. Viveu pouco, mas o suficiente para deixar grandes ensinamentos, letras diferenciadas e guardadas na mente do brasileiro. Inconformado com a ausência do pai, levou consigo o talento paterno, ao lado da incerteza da relação sanguínea.
O filme tem duas horas, nas quais seus olhos não saem da tela do cinema. Cenas fortes, marcantes, com texto direto e forte. Fotografia bonita, que retrata bem as paisagens desse interior do Brasil, de onde eu também vim, graças a Deus. Gonzaga, de pai para filho, mostra o laço eterno entre essas duas partes da família. Pai e Filho permanecem juntos para sempre, além do que a morte possa separar. Sou prova viva desse exemplo. Como Gonzaguinha, nunca deixei de ter, mesmo que pouco visível, a certeza de onde eu vim. Vim de meu pai e de minha mãe, vivo com eles e tento agir conforme aprendi com seus exemplos.
O cinema brasileiro mostra que é bom, capaz de levar público pra salas dos shoppings e agradá-lo. Salve o cinema do nosso país, salve Gonzagão(guinha). Parabéns também ao diretor Breno Silvera, o mesmo de Dois Filhos de Francisco. Brasileiro que tem a capacidade de emocionar brasileiros.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Saudades da minha amada Jacobina

Quem me conhece um pouco já deve ter ouvido eu dizer, em alto e bom tom, que tenho o maior orgulho de ter nascido em Jacobina. E como tenho! Nasci em abril de 1990 e morei lá até janeiro de 2005, quando vim cursar o ensino médio em Salvador. Nos primeiros anos fora da minha terra natal, matava as saudades quase uma vez por mês. Tinha vindo morar em Salvador, mas meus pensamentos permaneciam em Jacobina.
Passaram-se os anos e os novos compromissos em Salvador reduziram as minhas idas para Jacobina. Este ano talvez tenha sido o que menos apareci por lá. Não por falta de saudade, mas por circunstâncias da vida. 2012 foi o ano de foco no trabalho, de adaptação à nova função. Na semana santa e no São João os plantões me deixaram aqui em Salvador. Em maio, fui em Jacobina por um dia e, infelizmente, de profunda tristeza. Foi o enterro de minha saudosa Tia Mariene. De lá para cá, nada de voltar à minha cidade querida. Hoje, 2 de dezembro, acordei com uma saudade de apertar o peito. Um sentimento que vinha convivendo há alguns dias e tento traduzir em palavras neste domingo.

Fui e ainda sou muito feliz em Jacobina. Minhas lembranças? São tantas... Dos assobios da janela do quarto para chamar a atenção do meu tio Emílio na rua da frente; das longas tardes na AABB ao lado de Nelson e Brinquedo; das primeiras festas de forró, quando nem imaginavam porque estava ali; dos babas de rua ao lado do meu amigo Ceará; das idas e vindas para o colégio, fosse a pé ou de bicicleta; até dos comentários que ouvimos dos conterrâneos quando esses nos vêem depois de muito tempo.

Quando eu sai de Jacobina, no dia 15 de janeiro de 2005, sabia que não voltaria para morar lá novamente tão cedo. Sabia que minhas escolhas profissionais me afastariam do interior. No entanto, nunca cogitei ficar longe da minha cidade. Mesmo fora, permaneço com o coração em Jacobina. Carrego a cidade no meu apelido (Jacó), permaneço lá no coração de minha mãe, que continua morando na cidade. Jacobina é aconchegante pelas pessoas que moram lá. Jacobina é um dos meus amores... Se Deus permitir, estarei aí em alguns dias, ainda em 2012. Quantos dias forem, todos serão muito movimentados. E, apesar da demora em voltar, fico feliz em saber que voltarei melhor, mais maduro, como um filho que volta e deixa a mãe orgulhosa!

Minha história com Jacobina ainda é adolescente, temos muito a viver, conviver. Aliás, tenho muitos planos para a nossa história. O tempo dirá, mostrará!

domingo, 25 de novembro de 2012

2012, retrospectiva. Alegria e dor! 2013? Amor..

Há menos de 40 dias do final de 2012 penso, cá para nós, que o mundo não vai acabar. Sendo assim, já é hora de começarmos a escrever o roteiro da nossa retrospectiva. Pois é, como foi 2012 para você? Fim de novembro, a maior parte dos planos agora já visam 2013. Por isso, 2012 só guarda os festejos de Natal e Fim de Ano e as lembranças dos dias que já passaram.
Esse, sem dúvidas, foi o ano mais importante da minha vida. Não afirmo isso de forma irresponsável, mas, com convicção. Foi em 2012 que eu me formei, tornei-me um jornalista, realizei este sonho. Foi em 2012 que comecei a trabalhar, de carteira assinada, numa empresa que sempre admirei muito. Foi em 2012 que amadureci em casa, que melhorei o convívio com meus irmãos e minha mãe. Este foi também o ano que perseverei mais na minha fé, na minha Igreja e no meu encontro com Deus, ajudado pelos caminhos do Movimento Escalada. Foi em 2012, finalmente, que conheci uma pessoa muito especial, que me acompanha hoje e me faz ser um pouco melhor.

O mundo, óbvio, não acabou, mas 2012 foi um ano também de dor. A ligação que recebi logo depois das quatro da manhã, há menos de 20 dias, com a notícia da morte de Henrique foi a dor mais forte que já senti até hoje. Mais forte até do que a morte do meu pai. Este eu não perdi, já nasci com ele em outro mundo. Meu pai se foi e eu não sofri fisicamente, fui compreendendo aos poucos, no colo da minha mãe. Quando me dei conta, ele já estava ao meu lado de novo, em espírito. A ida de Henrique foi como ter uma parte da pele arrancada, doeu fisicamente, mexeu com os nossos conceitos e prioridades. Depois da dor física, a calma vem aos poucos com a certeza de que ele também permanece entre nós, em um mundo mais pleno e perfeito. Elvirinha, Djalma, Glorinha e Felipe, que para minha família representam muito mais do que diz a árvore genealógica, precisavam de consolo, mas foram grandes consoladores. Nos deram exemplo de fé, amor e certeza de que a nossa vida neste mundo é apenas uma parte. Afinal, Deus ensina que o mais importante ainda está por vir... Em 2012 também perdi a minha querida Tia Mariene. Referência familiar, exemplo de alegria. Se foi, descansou. Sua partida deixou um vazio na família, mas o futuro se encarregou de os mostrar que ela também deixou lições eternas para os que com ela conviveram.
Voltando ao ano, 2012 me ensinou muito. Em 2013, eu quero amar. Amar Deus, amar minha família, amar a mim mesmo e os que estão em minha volta. Amar sem se apegar, amar de verdade, amar com fé. Em 2013, eu quero me desapegar. Me desapegar das coisas materiais, das metas gananciosas, me desapegar das pessoas. Aliás, amar é diferente de se apegar - pense nisso! Quem me ensinou essa ideia? 2012! Certa vez, ouvi de uma pessoa o questionamento de que com a "minha idade o dono do Facebook já estava milionário", então, por que eu não poderia estar? Aquilo me incomodou, fez me sentir quase um fracassado. Exagero. Falta de fé. Será mesmo que a minha meta é ou foi em algum momento se tornar um milionário antes dos 25 anos? Não, nunca foi. Ouvir menos o que não me diz nada, essa é uma das meta para 2013. No próximo ano, quero conhecer. Conhecer pessoas, conhecer assuntos, estudar, aprender...
E você? O que quer para 2013? Emagrecer? Ser promovido? Arrumar um emprego melhor? Juntar mais dinheiro? Comprar um carro novo? Cuidado... mesmo conquistando tudo isso, essas podem ser as mesmas metas para 2014. Ou seja, não há plenitude. Meta? Ser feliz... que tal? Que venha 2013!!

obs: Certa vez o professor Garrido, especialista em carreiras e na mente humana, perguntou-me na sala de aula qual era o meu charuto? O conceito de charuto aqui é algo que se faz para passar o tempo, que lhe diverte, que faz você esquecer um pouco do mundo. Hoje, tenho a resposta. Meu charuto é escrever.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

João, o meu herói de hoje! A carona e a lição de vida...

Tanto tempo longe daqui, do meu blog, do meu espaço comigo mesmo. Fiz mal. Sinto-me sufocado quando paro de escrever. Tocar no teclado do computador e soltar algumas palavras tem, para mim, efeito terapêutico. Sempre que abandono o hábito, as coisas desandam um pouco... Volto hoje, então, não para contar uma história minha, mas uma história de outra pessoa. Não de um amigo, um parente, mas de um conhecido, que me fez acreditar na vida e na felicidade simples.
Mais uma tarde saindo do trabalho, parei na porta da empresa e dei carona para um dos funcionários, um motorista. Pra preservá-lo - já que depois de ouvir tudo que ele me contou jamais esquecerei seu nome, prefiro omitir sua identidade e aqui irei chamá-lo de "João". Já na entrada no carro, ele agradecia a Deus pela carona e, quase que de forma surpreendente, ficou em êxtase quando soube que o meu destino era parecido com o e dele e que, portanto, ficaria bem pertinho de casa.
A humildade e a conversa fácil já me mostravam que apesar do ato solidário ter sido meu, ele é quem estava me fazendo um belo favor com sua companhia. Até aí, tudo bem! João, como arbitrariamente decidi chamá-lo aqui, tem uma história incrível, digna de uma fábula, ou melhor, de um documentário, porque tudo é verdade e repleto de sensações.
Nasceu no Centro-Oeste do Brasil e veio para Salvador porque, segundo ele, "todo mundo morre de vontade de conhecer essa cidade". Aqui ficou, morando com um parente. Arranjou um primeiro emprego, cansou, largou. Depois, arranjou um segundo emprego e um terceiro e, acreditem, há 19 anos trabalha em dupla jornada, quase 16 horas por dia.
"Sempre trabalhei muito pra dar educação aos meus filhos e, graças a Deus, consegui", me dizia, orgulhoso, contando que seus dois filhos estão trabalhando, um formado e outra por se formar. Sua fala não tinha o menor tom de sofrimento, cansaço, nenhum!! João falava tudo orgulhoso, reconhecendo o seu esforço e feliz pelos resultados alcançados. Beirando os 60 anos, creio eu, ele continua dando jornada dupla em dois empregos. "De manhã acordo cedo e vou andando pro trabalho. É que a médica recomendou caminhada e é o único tempo que tenho". Fiquei sem acreditar. Falava isso com o sorriso no rosto, satisfeito por estar cumprindo a recomendação médica.
Pequenos homens para sociedade. Grandes heróis para humanidade. Pessoas que nos fazem pensar que vale a pena acreditar, ainda, nos homens. Ainda que existam os maus, a maioria é de bem, do bem e faz o bem. Viva a João, o meu herói de hoje!

domingo, 15 de julho de 2012

Feliz pela "tal felicidade" de Frejat

Terminou neste domingo (15) em Salvador mais uma edição do Festival Rock Concha. O espaço de shows mais emblemático de Salvador foi palco para apresentação do cantor e compositor Frejat. Mais do que um show, foi um espetáculo. A turnê "A tal da felicidade" é simplesmente sensacional, na qual ele consegue cantar um repertório dançante, mesclando músicas consagradas, autorais e interpretações de grandes nomes da música brasileira.
Todo o show vale a pena. Da entrada com "Palco" ao fechamento com "Exagerado", passando por canções belíssimas como "Segredos" e "Por você". No meio de tudo isso, o ex-vocalista do Barão Vermelho canta músicas de Tim Maia e Malandragem, música que foi imortalizada na voz de Cássia Eller e é de autoria de Frejat com Cazuza. Aliás, esse último é lembrado durante todo o show e não há como não sentir saudades desse fenômeno da música pop que tão cedo se despediu deste mundo.
Foi uma noite daquelas que fica na nossa cabeça por anos, talvez eternamente. Ver pessoas de diferentes gerações cantando e dançando as mesmas músicas é fantástico. Mostra que a boa música ultrapassa fronteiras, vai além do tempo e pode chamar a atenção em qualquer espaço geográfico. Preocupante é imaginar que quando essa geração terminar - e já se foram Cazuza, Renato Russo e Cássia Eller - não se sabe ao certo quem vai assumir a cena. A carência de ídolos e carreiras sólidas toma conta do Brasil e nós esperamos que surjam novos ídolos, com base em verdadeiros talentos. Para mim, resta agradecer pelo privilégio de ouvi-los e ainda aproveitá-los por muito tempo.
Sem nenhuma pretensão de ser crítico musical, acho que consegui registrar essa noite tão especial para mim, ainda mais pela companhia que tive. Um show lindo, em que se canta e dança, em que a frase que se ouvi na saída é "valeu a pena, foi bom demais"! Valeu, Frejat!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Escrevo pra registrar, não para explicar...

Como já escrevi aqui no blog, nem tudo na vida sai conforme planejamos, projetamos ou arquitetamos. Essa minha mania de querer que tudo siga uma lógica, esteja no campo da razoabilidade, deixa de fazer sentido quando encontramos situações em que somos incapazes até de nos reconhecermos. E, por mais uma vez, foi assim. Fica a lição de que sair do controle, se perder pelos caminhos, pode ser, sim, a melhor opção.
Sem explicações pautadas na razão ou em fatos cronológicos, minha mão encontrou outra para segurar, firme e forte. Mesmo que essa seja menor do que aquela, consigo encontrar o apoio, que ainda é recente, mas confiável. Minutos depois que as mãos se juntaram, logo os meus dedos - mais longos - fizeram um movimento de encaixe, como dois membros que se completam, se acrescentam, se preenchem.
   
E nesse novo "estado", como convencionou-se chamar socialmente, os detalhes ganham força, participam das cenas principais. O que era rotina, torna-se diferente. O trivial, marcante. O sorriso, inspirador. Reitero o meu desejo de viver a vida de forma intensa, pagando para ver o que Deus reservou para mim. Dessa vez, a presença Dele parece ainda mais forte, com uma interferência real, além do campo das ideias. O que para mim está reservado, só a vivência há de me dizer e, confesso, não tenho a menor pretensão de descobrir isso agora. Prefiro, definitivamente, viver.

Daqui para frente, sem os pés no chão, não restam dúvidas que nos basta fechar os olhos para acreditar que, juntos, podemos voar...

terça-feira, 26 de junho de 2012

Para Roma com Amor e Woody Allen como ator

Vencedor de cinco Oscar, Woody Allen dispensa apresentações. Por isso, fui ao cinema com minha querida mãe com a certeza de que seria interessante. "Para Roma com Amor" é uma comédia romântica que chama atenção pelo texto bem amarrado, com quatro histórias diferentes, que não se tocam e são armazenadas em distintos locais da mente do espectador.
O longa é formado por quatro núcleos: Um casal americano que viaja para a Itália para conhecer a família do noivo de sua filha, que se apaixonou em Roma durante as férias; Um homem comum e previsível que tem sua vida modificada por uma fama repentina; Um arquiteto famoso que visita a Itália e acompanha a vida de um estudante de arquitetura e, também, dois jovens que casaram há pouco tempo, se perdem e causam confusão nas ruas de Roma. Todos esses núcleos tem histórias próprias, separadas, que não se tocam. Para mim, o filme é mais do que razoável, é bom!
O roteiro dinâmico, bem casual e entrosado com os cenários de Roma. As passagens de uma história para a outra são bem cuidadas, sem agredir quem está assistindo. A melhor história? Pra mim, a do casal que recebe os pais da noiva. É a mais engraçada e problemática. Destaco no filme o personagem Jerry, interpretado pelo Woody Allen. Além, é claro, da beleza deslumbrante de Penélope Cruz - como sempre. Romantismo, traição, confusões amorosas. Tem tudo isso durante as quase duas horas de filme. O gênero da comédia se apresenta com algumas piadas e comportamentos bem sutis, que arrancam sorrisos da plateia. Ou não é engraçado um personagem que só consegue cantar embaixo do chuveiro e por isso se apresenta nestas condições no palco?! Uma boa opção para ir ao cinema, rir e se divertir sem muita palhaçada, de forma mais comedida.

Para Roma com Amor. Um filme de Woody Allen na direção e interpretação. No elenco, além de Woody, Alec Baldwin, Roberto Benigni (atuação também relevante), Penélope Cruz, Judy Davis, Jesse Eisenberg, Greta Gerwig e Ellen Page.
A duração é de 102 minutos e a censura de 14 anos.
Distribuidora: Paris Filmes
Acesse o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=3JeuI8PKF0M

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O tempo passa e não se deixa perceber

Quem me conhece um pouco mais sabe que eu não sou daqueles mais "fãs" de Salvador. Adoro à Bahia, amo Jacobina (isso mesmo, minha linda cidade natal!), mas vejo Salvador como uma metrópole muito mais problemática e desorganizada do que atraente, mesmo com seu litoral e pontos históricos... Por todos os lados, as pessoas que convivo tentam desconstruir essa ideia da minha cabeça. Afinal, estão todos errados e eu certo? Difícil, né?! Daí que surgiu, então, a vontade de conhecer um pouco mais a cidade, locais e momentos que eu ainda não tive o prazer de desfrutar. Sair da ignorância, posso dizer. Aos poucos, dentro das minhas possibilidades, tento fazer isso e a minha opinião se torna menos radical.
Num feriado de São João deserto, com a cidade quase vazia, uma ótima companhia me levou para conhecer (acreditem, nunca tinha ido, nem sabia que existia) o Café Terrasse, que fica na Aliança Francesa, na Ladeira da Barra, formalmente descrita como Av. Sete de Setembro. O local é de encher os olhos... Vista belíssima, comida saborosa, tranquilidade, bom atendimento (o que você dificilmente encontra em Salvador) e um clima que faz com que nós esqueçamos, inclusive, de olhar para o relógio.

Em um mundo de tarefas inacabadas e objetivos a se cumprir, não olhar para o relógio é sintomático. Esquecer do tempo, das horas, dos compromissos é fundamental e as pessoas tem deixado isso se tornar uma raridade. No meu caso, a escassez desses momentos chega a preocupar. Preocupação, responsabilidade, cobrança - cansa! Na última sexta-feira, uma bela companhia me fez esquecer do tempo, descansar, em um lugar maravilhoso. De um lado a linda Baía de Todos os Santos. Do outro, o reflexo desta beleza. Viva ao São João em Salvador!

Todos os detalhes de pratos, bebidas e ornamentação podem ser encontrados no site do Café. O telefone de contato é o 3012-1584 e o horário de funcionamento é de segunda a sábado, das 10h as 21h. Ou seja, dá pra almoçar e também para ver o sol se pôr.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Um detalhe, muito fôlego.

Como um experimento tecnológico, o ser humano precisa de pequenos estímulos para continuar funcionando. Na psicologia das nossas mentes, convencionamos a chamar isso de motivação, palavra tão utilizada hoje pelos especialistas em recursos humanos e no mercado de trabalho. Afinal, onde achar esta motivação? Há quem acredite que ela só é verdadeiramente encontrada nos aumentos salariais, promoções de poder e cargos de chefia. Por outro lado, pessoas como eu preferem encontrá-la diariamente, nos detalhes que a vida nos proporciona.
Hoje, ao reencontrar Camilinha, minha colega de trabalho na TV, deparei-me com um desses detalhes que nos dão um novo fôlego para prosseguir na caminhada, no sonho. Ela passou alguns dias trabalhando na redação do Jornal Nacional, no Rio de Janeiro. De lá, trouxe a minha edição - que ela levou na viagem, do livro Jornal Nacional - Modo de Fazer, escrito por William Bonner. Na primeira página, a grata surpresa, o autógrafo do autor e editor-chefe do telejornal. Mais do que isso, tive o prazer de ouvir que ele comentou o fato do livro está todo marcado, com alguns destaques e anotações até certo ponto pertinentes.


A obra foi lida por mim logo depois de lançada e relida quando eu estava produzindo o meu Trabalho de Conclusão de Curso, um documentário que mostra as rotinas produtivas da TV Bahia. Modo de Fazer, se é assim que posso apelidá-lo, é um livro para deixar qualquer estudante de jornalismo com água na boca. Os relatos de Bonner, as histórias de coberturas, todas as narrações permitem que as portas do maior telejornal do país se abram para que os seus bastidores sejam conhecidos, ou, pelo menos, apresentados. Foi assim comigo, antes mesmo de me apaixonar pela televisão. Comecei a namorar com este veículo através do livro.
Jornalismo não é uma profissão em que a motivação vai ser encontrada nos salários, no glamour, ou em qualquer reconhecimento fantasmagórico. Jornalismo é a profissão em que a motivação vem do amor pela atividade, pela vontade de informar e modificar realidades, de fazer as pessoas compreenderem melhor o mundo em que vivem, choram e riem. Por isso, o jornalismo é para quem acredita em "pequenas motivações". Obrigado, Camilinha. Obrigado, Bonner.

domingo, 17 de junho de 2012

Diminuir o ritmo e fugir da média

As vezes é preciso parar, frear, diminuir um pouco o ritmo. Distante desta ideia, meus dias estavam alucinantes e a sensação de nunca completar o objetivo era rotineira no final de todos eles. Até que, numa terça-feira de feriado, em casa, num almoço em família.... pronto! Pé na porta e dedo menor do pé direito quebrado! O destino se encarregou de diminuir meu ritmo forçadamente. Imobilização, gesso, uma semana fora do trabalho e aquela pequena fratura me incomodava um monte, porque me impedia de fazer as coisas que eu mais gostava - ir e vir e, acima de tudo, trabalhar.
O exagerado aqui, vivenciador de sensações extremistas, então, se isolou e o foco era só querer que o dedo voltasse ao lugar, mesmo que não tivesse muito a ser feito, só repousar. Lá se vão quase cinquenta dias após a fratura e agora me parece que, não como antes, mas ele já está totalmente útil de novo. E qual foi a lição disso tudo? Pensando e repensando, consigo entender que eu precisava realmente diminuir o meu ritmo. As vezes a minha "autocobrança" é tão inconsequente que me impede de conhecer a satisfação plena, porque o que vem na minha cabeça é sempre o imaginário de que "eu poderia ter feito mais".
Preocupado em não me acomodar, as vezes deixo de aproveitar os méritos, as conquistas, e fixo meu olhar de forma pessimista, egoísta, quase absurda. Como canta Maria Gadú, "entre o bem e o mau a linha é tênue", assim também é entre a insegurança e a cobrança exagerada - pelo menos no meu caso.
Sendo clichê, posso dizer que mais uma vez a dificuldade me ensinou, me deu novas perspectivas. Calma, Victor, uma coisa de cada vez. Aos 22 anos, as coisas parecem estar no caminho certo. Um avanço aqui, outro atraso ali e o importante é ficar um pouco acima da média, porque quem fica na média, conceitualmente, é medíocre. Peguei pesado? Vamos em frente que amanhã é segunda-feira....!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Lei do DJ do Buzu. Vai funcionar?

Bagunçada, suja, desorganizada, problemática, insegura. Você já deve ter ouvido esses adjetivos referindo-se à cidade de Salvador. No entanto, no meio de tudo, existem espaços para novas leis que buscam ordenar a primeira capital do Brasil. Nesta quinta-feira, o prefeito João Henrique (PP) sancionou a lei que combate a poluição sonora dentro dos ônibus, também conhecida como Lei do DJ do Buzu.
No final de março, a proposta tinha sido aprovada por unanimidade na Câmara de Vereadores e seguiu para aprovação do prefeito, que foi realizada nesta quinta. O que a legislação propõe é que a Sucom fiscalize o comportamento das pessoas que costumam ouvir músicas dentro dos ônibus em alto volume, as vezes até em caixas amplificadoras.
Foto: Correio 24 horas

Eu, passageiro do transporte coletivo que sou, já fui obrigado a compartilhar o mesmo ônibus com adeptos deste hábito. Cá para nós, o que faz uma pessoa ouvir música na maior altura, em alto falante, dentro de um lugar onde o próprio nome diz ser "coletivo"? A primeira ideia que vem na cabeça é que trata-se de um "espírito de porco", só pode ser... E aqui faço uma ressalva que o incômodo independe do estilo musical. Seja pagode, MPB, arrocha, forró, rock ou gospel, ninguém é obrigado a querer ouvir a música alheia.
Confesso que não sou capaz de analisar, muito menos de definir tal comportamento. As vezes me questiono se isso só existe em Salvador ou é comum também em outros lugares? E não me venha comparar com o rappers americanos, que ouvem música nas calçadas do seu país. Nestes casos, trata-se de uma tradição cultural, uma tribo com hábitos específicos. Parecidos, para não dizer que privilegio as coisas de fora da Bahia, com os carrinhos de café em forma de trios elétricos, muito comuns em Salvador. Esses tem uma explicação, uma força cultural. O DJ do Buzu, realmente, não faz o menor sentido. É o incomodar pelo incomodar. É a tentativa de se aparecer em uma sociedade que insiste em tornar as pessoas invisíveis. Mas, definitivamente, esta não é a melhor opção.
Tá. Lei aprovada, sancionada pelo Poder Executivo. E agora? Vamos esperar mesmo a Sucom fiscalizar isso? Dá mesmo pra fiscalizar? Na verdade, o que precisa ficar público é também a regulamentação da lei, como ela vai ser cumprida, quais as punições previstas. Só aprovar não modifica o comportamento social e, logo, não melhora as condições de vida da sociedade.
Minha sugestão é que todos nós passemos a ser fiscais da nova lei. Mas quem vai querer chamar a atenção do cara com o som ligado, correndo o risco de ser ameaçado ou violentado? Pois é, aplicar esta lei vai ser complicado e isso precisa ficar claro. As notícias não podem ser resumidas na aprovação da lei. O jornalismo precisa ser mais crítico e passar a questionar a aplicação, a forma como a nova legislação vai ser conduzida pelo poder público e pela sociedade. Vamos ver no que vai dar e torcer para não ser mais uma legislação que fique somente nos papéis e discursos políticos.

O clipe abaixo, disponível no Youtube, brinca com o comportamento que agora vai ser fiscalizado com a nova lei.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

O sentimento. O diferente. A perspectiva.

E eu que já achei, ainda na infância, que nunca iria gostar de alguém mais do que gostava de mim. Na mente inocente de uma criança, seria uma falta de ponderação chamar este sentimento de egoísmo. Não, na verdade, devemos observar pela perspectiva de uma autoafirmação, ou como uma tentativa de se proteger das pessoas com as quais os relacionamentos ainda estavam por vir.
Depois de varar madrugadas, como diria Marisa Monte, logicamente que as minhas percepções foram lapidadas. Não tenho barreiras em afirmar que eu posso, em etapas definidas, expressar por uma pessoa sentimentos próximos dos que tenho por mim, nunca maiores. Por quase uma licença poética, tiremos deste contexto o meu núcleo familiar, ao qual talvez dedique mais amor do que a mim mesmo, com o perdão da redundância.

Eu sou bem novinho, de verdade. Não me canso de sempre fazer essa ressalva. Isso porque as vezes o até eu esqueço que estou só no começo, no início das vivências dos sentimentos. Mesmo assim, estou convicto de que vale a pena ser pleno, se entregar ao que você acredita, sente, compartilha. Entre os comedidos e os exagerados, prefiro os que deixam tudo muito claro, que pecam por excesso. Talvez a experiência mais marcante da minha vida tenha sido compartilhada com um pensamento distante do meu, ou, pelo menos, um comportamento diferente - o que não quer dizer, de maneira alguma, oposto.
Como sempre ocorre quando lidamos com o diferente, aprendi muito. Aprendi mais do que ensinei, inclusive. E onde eu quero chegar com todas essas palavras cobertas, cheias de eufemismo e armadilhas para quem as lê? Não sei. Nem preciso saber. A transformação de pensamentos em palavras sempre me enobrece, me satisfaz quase que plenamente. O pleno virá quando eles se tornarem vivência, enredo da minha própria história.
Não mais como uma criança derramando pensamentos egoístas, o recém adulto contemporâneo dedica seu tempo agora para aprender a lidar com o "abrir mão". Assunto tão difícil para mim que sequer consigo transformá-lo em texto, apesar da vontade ser crescente. Mas, para não me alongar, deixemos este para depois. Afinal, ainda há tempo. Muito tempo...

sábado, 12 de maio de 2012

À minha mãe, eterno amor

Setembro de 1989. Foi neste período que Socorrinho, mãe de um adolescente e uma criança, perdeu seu marido, vítima de um infarto fulminante. No meio de tanta dor, tendo que acalmar dois filhos que não conseguiam entender a morte do pai, ela mantinha forças para me levar em seu ventre. Sete meses depois, em abril de 1990, surge, então, a minha mãe. Ou seja, ela se torna mãe também para mim.
Neste contexto conturbado, minha mãe me cobriu com seu manto o tempo inteiro, preservando-me de qualquer dor ou sofrimento em excesso. Como ela mesmo conta, aprendi a lidar com a morte do meu pai através da história do filme Rei Leão, no qual o filhote, Simba, perde o seu pai, o rei Murfasa, tragicamente em uma amardilha. Haveria uma forma mais amorosa de me apresentar à dor? Certamente, não. O que era para ser sofrimento, logo, foi completamente suprimido por uma onda de amor incompreensível.

Voltando até onde a minha memória permite, posso afirmar o quanto as atitudes, ações e decisões de minha mãe foram essenciais para a formação do meu caráter. Curiosamente, não me recordo de chamá-la de "mãe", "mamãe" ou "mainha". A nomenclatura, quase egoísta, sempre foi minha mãe. Um método diário e repetitivo de reafirmar o orgulho e o prazer de tê-la como meu milagre, minha proteção.
Quando o filho adolescente cresceu e precisou sair de casa, ela de novo suprimiu qualquer sofrimento com doses homeopáticas de amor. Na minha vinda para Salvador, em janeiro de 2005, não houve despedidas chorosas, nem festas familiares hiperbólicas. Não. O que houve, como é de praxe conosco, foi um voto de confiança, fé e certeza de que a decisão era pretensiosa e válida. Sempre, incondicionalmente, ela esteve do meu lado.
Em meio a tanto sorrisos e gargalhadas, afirmo com toda convicção que minha mãe é a pessoa que mais me fez chorar nestes curtos 22 anos da minha história. Poucas vezes por tristezas, incontáveis vezes por emoção. Ler o que ela escreve, ouvir o que ela expõe ou simplesmente reativá-la em minha memória. Seja o que for, me emociona. E quando eu mais merecia broncas, lições de moral? Ela me apresentou o colo e o melhor remédio: o amor de mãe. E quando eu reclamei que não tinha carro, dinheiro suficiente e que meus amigos ganhavam mais de suas respectivas mães? Ela silenciou e deixou que o tempo me evidenciasse que caráter, honradez, conhecimento, educação e berço nunca me faltaram e foi a minha mãe quem me proporcionou tudo isso.
Por fim, e nunca menos importante, foi ela também quem desde o meu nascimento me apresentou a Deus e ao seu filho Jesus Cristo. Recordo-me com precisão que demorei a falar "eu te amo", fazendo isso com lucidez pela primeira vez aos 15, 16 anos... De lá para cá, felizmente, perdi as contas. Afinal, como não amá-la? Como não me emocionar escrevendo essas palavras? Como não dizer: Eu amo muito a senhora, minha mãe. E se você diz pouco isso à sua, mude! Faça logo, porque este arrependimento é incomparável.
Como qualquer filho, meu pedido neste Dia das Mães é para que a nossa relação se torne ainda mais afetuosa, que possamos compreender um ao outro, diante do enorme abismo temporal e de gerações que convivemos. Feliz Dia das Mães, minha mãe. Mais do que mãe, você para mim é Porto Seguro, é pai, é dedicação, é orgulho, dignidade e caráter. Para mim, você é a tradução perfeito do que é o amor.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Soleil: um sonho com os olhos abertos

No mundo tão atual, alucinante e contemporâneo é até um clichê dizer que temos pouco tempo para pensar, refletir e fugir das nossas realidades. Seria ainda mais ilógico se aqui eu propusesse que nos déssemos a oportunidade de sonhar com os olhos abertos... É possível? Depois da experiência que vivi nesta semana, não tenho dúvidas em afirmar que sim.
O Cirque du Soleil é um sonho, um mundo de fantasias que desce sobre a Terra e permite que crianças, jovens e adultos consigam sonhar acordados, ultrapassar o limite da felicidade. Para mim, entrar naquele lugar foi a realização de um objetivo que ainda parecia distante e se tornou ainda mais pleno pela companhia  singular da minha amada mãe.
Faltavam alguns minutos para o início do espetáculo, quando entramos e fomos conhecer um pouco da história do Cirque e da apresentação que está em cartaz em Salvador - Varekai. Trata-se da história de um jovem que voava para alcançar o Sol e, de repente, cai e é recebido no mundo Varekai, onde a fantasia encanta e cativa qualquer ser. Voltando a falar sobre a "realidade" do Cirque, são vários espaços, com souvenirs de todos os tipos e formas, praça de alimentação, cartazes para fotos e, finalmente, o palco principal, que não tem a menor condição de ser chamado de picadeiro.
Mais do que um espetáculo circense, Varekai é a reunião de circo, teatro, música e dança. Toda a apresentação é regida musicalmente por uma banda, que toca e canta as músicas ao vivo. O figurino e a maquiagem dispensam qualquer comentário. As roupas e os desenhos nos rostos dos atores são feitos com a riqueza de detalhes que não deixa nenhuma dúvida de que toda aquela fantasia é verdadeira, desde que se compre a ideia de que estamos sonhando. E não há quem não compre.

Os números de malabarismo e equilíbrio desafiam as leis da física, fazem os presentes fecharem os olhos e gritarem como se não estivessem acreditando no que observam. Soleil é um lugar em que os profissionais não deixam a menor dúvida que amam sua profissão, quase como um sacerdócio. Soleil é um lugar para apaixonados. Soleil, como disse uma das funcionárias temporárias em uma entrevista à TV Bahia, é perfeito porque sonhos são perfeitos e trata-se, sem dúvidas, de um grande sonho.

Não poderia deixar de dizer que assistir a tudo isso acompanhado de minha mãe foi um presente de Deus que a vida me reservou. Entrar com ela no Cirque e ver os seus olhos brilharem de emoção foi algo que jamais sairá da minha memória. Nunca tinha vivido a sensação de ver a minha mãe mãe virar criança por alguns minutos, sorrindo sem pensar em futuro, vivendo o sonho de também ser parte de um espetáculo.  Sem dúvidas, o Cirque du Soleil me surpreendeu em todos os sentidos.

Abaixo, algumas cenas do espetáculo Varekai, do Cirque du Soleil:


terça-feira, 1 de maio de 2012

Por que essa orla, Salvador?

Não precisa ser arquiteto ou urbanista para saber que a orla de Salvador é mal aproveitada. Esta convicção torna-se ainda mais saliente quando conhecemos orlas de cidades menores, com população e arrecadação de impostos inferiores à nossa. Sem pretensão de fazer qualquer crítica simplista, ou intuito de desfazer a cidade em que moro, devo dizer que neste final de semana que passei em Aracaju, a pergunta que me fiz em diversos momentos foi "Por que essa orla, Salvador"?
A Bahia tem o maior litoral do Brasil. Salvador é a terceira capital do país em população, com quase 2,7 milhões de habitantes. No entanto, a extensa orla de Salvador, sendo gentil, tem pouquíssimos pontos movimentados durante a noite, por razões difíceis de entender. Em uma rápida ponte-aérea para a capital sergipana ou alagoana, o soteropolitano pode ver praias cheias durante a noite, com movimentações comerciais, práticas esportivas, muita luz e bares que ficam localizados verdadeiramente na orla e ajudam a manter as praias movimentadas (na foto ao lado, pequeno trem movimenta orla de Aracaju durante a noite).
As orlas tem naturalmente a característica de serem locais democráticos, nos quais as pessoas podem se divertir ou descansar sem precisar gastar muito dinheiro. Em Maceió ou Aracaju, não é raro avistar casais tomando um vinho ou simplesmente vendo o anoitecer nas praias. Em Salvador, nem mesmo nos locais turísticos isso é possível. Falta mais do que segurança, falta movimentação. A população não participa da vida na orla, não tem atrativos para isso. Nem mesmo a Barra, parte mais movimentada da cidade alta, tem uma orla tão movimentada durante a noite. Na cidade baixa, em alguns pontos como na Ribeira, há uma maior participação das pessoas nas praias durante a noite. Por que essa orla, Salvador? Por que estamos tão distantes de capitais próximas e menores? Não é por acaso. Interesses econômicos e políticos fazem a orla de Salvador ser como é. Ou falta interesse? Com a palavra, o eleitor. Afinal, em 2012 tem eleição.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Do sonho até a Micareta

A aproximação da Micareta de Jacobina me deixava com uma ansiedade completamente fora do normal, longe de qualquer sensação razoável e muito menos do bom senso. Tudo isso porque tinha uma grande expectativa de participar, pela primeira vez, de um projeto de comunicação na cidade em que nasci. Sempre tive como objetivo de vida fazer Jacobina crescer, evoluir, contribuir para a sua progressão. Assim como um médico, advogado ou dentista, que podem visivelmente contribuir com seus serviços para Jacobina, penso que como jornalista tenho a obrigação de acrescentar e aprender com a imprensa da minha cidade. Pode parecer nostalgia, ou um "ufanismo municipal" - se me permitem o neologismo, mas eu realmente acredito que os profissionais que amam sua cidade devem servi-la dentro dos seus meios de atuação.

Sexta-feira, final de tarde, e lá vou, enfrentar um longa viagem de ônibus, incluindo um engarrafamento por conta da festa em Feira de Santana. Sem sombra de dúvidas, as expectativas foram superadas. Agradeço aos companheiros da Rádio Jaraguar, pela confiança, responsabilidade e apoio nesta tarefa que foi a realização de um sonho de criança. Pequeno, com pouco mais de uma dezena de vida, recordo-me que pensava em um dia ter vez e voz nas rádios da cidade que me trouxe para o mundo. Ver essa etapa se cumprir me dá a esperança de que as possibilidades se tornam concretas quando lutamos por elas, respeito o tempo e a organização em que as coisas acontecem.
Toda essa história foi contada no ano em que se comemora 100 anos desde que Jacobina realizou a primeira Micareta - do Brasil!, em 1912. Fazer parte desta festa, seja como folião ou trabalhando, deixa qualquer jacobinense na história. Nossa cidade tem inúmeras mazelas. Sejam elas sociais, educacionais e principalmente no aspecto moral. No entanto, Jacobina é linda pelo seu povo, admiradores das serras que a rodeiam, e não pelas pseudopersonalidades disfarçadas de liderança. Juventude da Cidade do Ouro, estamos todos convocados! A história mundial não permite omissão em momentos desta importância. Levantem os livros, as canetas e os papéis. Iniciemos, já, a guerra intelectual!

Um mutirão animador

Quando fiz jornalismo, meu sonho era poder trabalhar ouvindo e contando histórias, tornando público fatos que fazem parte da vivência humana, escancarando a sociedade com sorrisos e feridas. Na terça-feira (17) da semana passada, tive o prazer imensurável de passar toda a tarde no Fórum de Salvador, fazendo a cobertura do Mutirão Pai Presente, projeto do Tribunal de Justiça da Bahia que busca fazer audiências de conciliação, exames de DNA e reconhecimentos dos filhos pelos pais que ainda não tiveram esta oportunidade. Mais do que uma atividade jornalística ou ofício, foi uma aula de vida.
Dentro das salas da Justiça baiana, pude ver de perto histórias reais, de pessoas diferentes, cada um com a sua individualidade. Eram Joãos, Pedros, Marias, Martas... Gente de todos os lugares de Salvador, acompanhados dos seus filhos, participando de audiências e recebendo resultados exames de DNA. Ao jornalista, é reservado o privilégio de estar presente e a chance de transformar aquelas narrativas em reportagens. Foi o que tentei fazer, segurando a emoção e focando em buscar o que, entre todos os discursos, mais interessava ao público.
Entre as histórias, estavam pais que reconheciam a filha com pouco meses de idade, outros que tiveram a notícia de que 'aquele garoto' não era do seu sangue, depois de acreditar nisso por muitos anos. No jogo de argumentos de supostos pais e mães, não há como saber quem está falando a verdade. Vi caso em que as mães tinham suas falas confirmadas pelo DNA e outros em que os supostos pais não tinham um gene sequer do filho. Tinha de tudo. E o melhor, tudo verdade. Histórias reais. Jornalismo na veia!
O Mutirão tem como objetivo dar dignidade aos herdeiros, para que possam ao menos ter o sobrenome da mãe e do pai nos seus documentos. Uma das mães que ouvi, relatou que não tinha o sobrenome do pai em seu registro de nascimento, mas que não queria que o mesmo ocorresse com sua filha. Graças ao projeto, ela viu sua filha receber mais um sobrenome, que veio acompanhado de um beijo do pai. Um outro homem, que foi sozinho buscar o resultado do exame de DNA, confirmou que a criança não era sua filha - de certa forma, um alívio. Até um senhor, aparentando ter seus 70 anos, roubou a cena. Ele foi ao Tribunal e reconheceu quatro filhos de uma só vez. Detalhe: "No total, tenho doze", disse.
Ver que o meu sonho, que citei lá no início do texto, é possível e, acima de tudo, animador, me deixa extremamente feliz e esperançoso. A profissão é capaz de tornar o homem mais digno, ainda mais quando ela vem repleta de dedicação, o sentimento mais nobre de todos. Passar esta tarde no fórum produzindo esta matéria foi fundamental para, diante de tantas dúvidas, reafirmar o meu casamento com o jornalismo - a arte de contar boas histórias.

Vejam a matéria que foi publicada no Jornal da Manhã
http://g1.globo.com/videos/bahia/t/jornal-da-manha/v/tribunal-de-justica-realiza-mutiroes-de-reconhecimento-de-paternidade-na-bahia/1908726/

terça-feira, 17 de abril de 2012

Quem sabe o erro está na recepção

Uma história simples que se complica, um enredo com textos repletos de clichês e excessos que ultrapassam a sensualidade e chegam quase na pornografia. Foi essa a impressão que tive ao ver o filme "Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios", estrelado pela atriz Camila Pitanga e dirigido por  Beto Brant e Renato Ciasca.
Ultrapassando as ideias que o título poderia sugerir, o longa narra a história de uma prostituta que se casa com um líder religioso e depois passa a ser amante de um fotógrafo. É neste triângulo amoroso que o filme corre, com muitas cenas de sexo, nudez e textos que as vezes deixam o espectador confuso, sem compreender onde pretende chegar o enredo.


Longe de mim querer ser um crítico de cinema, não tenho a menor legitimidade intelectual para isso. No entanto, a democracia da blogosfera me permite opinar, analisar a obra de acordo com a minha egoísta interpretação. No longa que tem a maioria das cenas passada em uma localidade indígena, Camila Pitanga atua de forma mediana, longe de outros trabalhos, como a Bebel da novela Paraíso Tropical, lembram?
A história é repleta de cortes no tempo, com idas e vindas que não se explicam por si só. Início e final do longa não se batem. A verborragia poética do personagem Victor, um jornalista amante dos livros, também não tem tanto sentido quanto pretendia o autor. Valeu a pena assistir para guardar o contexto na minha biblioteca cultural, a qual sempre precisa evoluir. Como não sou crítico, nem tenho esta pretensão, continuo indicando o filme, porque cinema sempre faz bem a alma. Assistam e tirem suas próprias conclusões, tão ou até mais válidas quanto a minha.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Um presente de viagem

Neste sábado e domingo participei do Aprofundamento do Movimento Escalada em Itabuna, um fim de semana especial, com momento que comprovam o quanto Deus age em nossas vidas. Os 450 quilômetros enfrentados no sábado pela manhã deixariam qualquer pessoa meio cansada, mas tudo vira detalhe quando encontramos mais de cinquenta sorridentes jovens esperando por vocês em uma sala ao lado da Catedral da cidade.
Inicialmente, a sensação foi de susto. Naqueles primeiros segundos, faltava segurança para falar qualquer coisa e o nervosismo era aparente em rios de suor e feições apreensivas. Mas, o tratamento recebido não poderia ser melhor e , após alguns minutos, as sensações foram se preenchendo e a calma foi tomando conta dos meus pensamentos.
A preocupação era mais que justa, afinal, falar de Deus não é como falar de história, geografia ou dar dicas de português. Para falar de Deus, é necessário mais do que conhecer, é obrigatório sentir, passar verdade e viver a dedicação ao que realmente vale a pena.

Conhecer Itabuna também foi um privilégio. Cidade tão comentada em meu trabalho, por ter muitos representantes de lá, o maior município do sul da Bahia é grandioso no comércio, nos prédios, nos serviços e principalmente na população. A cidade é familiar, repleta de rostos simpáticos e muita gente educada. Com problemas sociais comuns a qualquer município deste porte, Itabuna sofre com a violência e questões de saúde. Mas, confesso que tudo isso fica pequeno quando conhecemos a Catedral da cidade. Fiquei emocionado ao saber que foi reservado a Deus um local tão especial como aquele. A Catedral é grandiosa, linda, cheia de detalhes intrigantes e pessoas de fé.
No domingo, ao sair de Itabuna ciente de que enfrentaria novamente 450 quilômetros de estrada, a liberdade e o sentimento de dever cumprido deixava todos os outros pensamentos em menor plano. Agradeço ao Movimento Escalada em Itabuna por me proporcionar dois dias tão proveitosos e que fizeram bem à minha alma. Ver a atuação de vocês na cidade deixa qualquer alpinista orgulhoso. O Movimento em Itabuna é responsável por modificar realidades, entrar em famílias, reinaugurar relações. A partir de hoje, somos todos irmãos em Cristo, cientes de que podemos contar uns com os outros. E, como ouvimos no final da Santa Missa de ontem, tenhamos sempre a certeza de que "nada poderá nos abalar"... Amém, Aleluia!

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sem aula, sem educação



Para os alunos da rede estadual de ensino, a tendência é de mais atraso no calendário de aulas. Isso porque os professores dos colégios estaduais - que tem turmas de primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio - declararam greve hoje. Para quem não lembra, as aulas já começaram atrasadas por conta da greve da PM. Com a paralisação, os alunos ficam novamente a ver navios...
Os professores, sejam eles municipais, estaduais, federais e até particulares, infelizmente não são valorizados neste país como merecem. Esta classe trabalhadora tem talvez a mais importante função social no contexto em que vivemos, a de educar, fazer compreender e permitir com que andemos com as nossas próprias pernas.

Quem não lembra ou não se recorda fortemente de um professor na época da adolescência? São profissionais que entram em nossas vidas, marcam porque nos ensinam os primeiros passos. Faço um apelo para que a sociedade acompanhe esta greve, saiba quais são as negociações e exigências de cada parte. A partir daí, o cidadão tem condições de analisar e concluir da melhor forma. Por enquanto, nada de aula nesta quinta-feira. 


Abaixo, parte da matéria do G1 Bahia sobre o assunto

Em assembleia realizada na manhã desta quarta-feira (11), em Salvador, professores da rede estadual de ensino da Bahia decretaram greve por tempo indeterminado no estado. A categoria alega que o governo não cumpriu o acordo de reajuste de 22,22% no piso nacional.Os 32.584 professores licenciados (integrantes da carreira do magistério estadual) já recebem salário acima do piso nacional no valor de R$ 1.586,06, além de gratificações, em consequência do reajuste de 6,5% dado a todo o funcionalismo estadual. Já os 5.210 professores não licenciados, que lecionam no ensino médio, estão com os salários abaixo do piso nacional.De acordo com o governo do estado, será enviado à Assembleia Legislativa, ainda nesta qarta-feira, um projeto de lei que prevê o cumprimento do piso nacional para esses profissionais, que têm recebido salário abaixo dos R$ 1.451 pagos a outras carreiras. Com isso, o governo afirma que toda a categoria da rede estadual receberá o piso estabelecido pela lei.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Uma história em várias dimensões

Os cinemas de Salvador recebem neste mês de abril a versão 3D do filme Titanic, um sucesso de bilheteria lançado em 1997 e que volta em três dimensões como forma de lembrança ao centenário do acidente com o navio que deu nome ao filme.
Tive o prazer de assistir ao filme ontem. Foi uma releitura agradável do clássico de James Cameron, de forma ainda mais sensitiva e emocionante com os efeitos do 3D, que deixam os movimentos e cenas mais próximos do público no cinema. A oportunidade de trazer o filme de volta as salas de todo o Brasil é estimulante, ainda mais quando se trata de uma data tão marcante e lembrada, o centenário deste acidente - 15 de abril de 1912, que modificou toda a história da navegação mundial.
O longa dispensa comentários e nem eu tenho a pretensão de fazer uma crítica de um dos melhores filmes da história recente do cinema. O que vale destacar é que apesar de não ter sido a primeira ou a segunda vez que vi o filme, as minhas interpretações soaram bem diferentes.
Com mais maturidade e capacidade de enxergar além do óbvio, Titanic fica pode ser melhor aproveitando, com as belas imagens, a trilha sonora muito bem casada e uma história de amor que mistura idealismo e realidade.
Na história do "navio dos sonhos", que "nem Deus afundaria", o real ultrapassa "os fatos" e ganha mais espaço, sem nenhuma contradição, com o casal Jack e Rose. Uma história de amor que continua contemporânea e assim será por séculos. O garoto jovem, pobre, que conheceu a dama linda e rica por conta de um sortudo Full House em uma partida de Pocker. Jack e Rose mostram que é possível namorar antes mesmo do primeiro beijo, que só vem acontecer na clássica cena do filme, quando os dois ficam de braços abertos e olhar no horizonte, na frente do navio.
Ele, um rapaz determinado, consciente de que a vida deve valer a pena a partir das nossas atitudes e ser encarada como um relevante desafio. Ela, uma mulher a frente do seu tempo, capaz de criticar de forma feroz a hipocrisia da sociedade da época, capaz de superar preconceitos e apegos materiais.
Numa experiência pessoalmente diferente, ir ao cinema sozinho para rever Titanic acabou sendo uma grande ideia, agora registrada neste espaço para a eternidade. Histórias como a deste filme remetem ao sentimento mais nobre e único capaz de modificar a nossa sociedade: o amor. Ou outro sentimento explicaria o "Se você pular, eu pulo", dito reciprocamente pelo casal da trama? Definitivamente, não. Em três dimensões, a viagem que marcou gerações volta à tona e mexe, novamente, com o imaginário das pessoas que já sabem de toda a história.


TITANIC, Estados Unidos, 1997Direção: James Cameron
Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Billy Zane, Kathy Bates, Frances Fisher, Gloria Stuart, Bill Paxton, Bernard Hill, David Warner, Victor Garber, Jonathan Hyde, Suzy Amis, Lewis Abernathy, Nicholas Cascone, Dr. Anatoly M. Sagalevitch.
Duração: 194 min.
Distribuidora: 20th Century Fox Home Entertainment

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Lembranças além de um simples baba

Depois de pelo menos dois anos sem jogar bola, voltei a bater um baba hoje. Estava em casa, prestes a dormir, quando veio o convite do meu amigo Giácomo Degani. Na hora, a insegurança de nem lembrar direito como se domina uma bola quase me fez desistir, mas eu fui... Até que não decepcionei. Confesso que em muitos momentos o corpo não atendia aos pensamentos da mente, faltava fôlego, mas o resultado foi positivo. No final, deu até pra fazer um gol e dar um toque de letra. Para quem nunca era escolhido como primeiro do último (mas também não o último!), é um rendimento satisfatório.
Nostálgico que sou, não tem como não vir na memória momentos da minha infância e adolescência em Jacobina, quando o futebol e os babas eram, literalmente, parte da minha vida. Recordo-me como se fosse hoje que depois da escola ou do colégio, boas partes das minhas tardes - ou quase todas - eram na AABB, seja jogando futebol, ou assistindo a alguém jogar. O convívio era tanto que costumava brincar com Nelson, Brinquedo e os demais funcionários do clube que ali era o "quintal da minha casa".
O mais incrível é como tudo aquilo reflete hoje no meu caráter. Sem dúvidas, foi na AABB que eu aprendi os primeiros conceitos do que é amizade, que ouvi histórias de pessoas mais velhas, muitos ensinamentos. Foi lá, principalmente, onde eu mais fixava olhos e ouvidos para gravar as belas histórias a respeito do meu saudoso pai, que não conheci pessoalmente, mas sempre admirei pela personalidade e caráter.
Mais do que qualquer liberação de adrenalina - fundamental para quem tem uma rotina super corrida como jornalista, o baba de hoje me fez mergulhar no passado, nas minhas história. E, com convicção, em uma das melhores partes dela.

Dois patinhos na história

Na última segunda-feira, 02 de abril, completei 22 anos. A impressão que tenho é que parece pouco para tantos momentos que já vivi. Não me recordo, por questões óbvias, do dia que nasci. Mas se tem um momento que guardo fielmente na memória é o dia em que me mudei de Jacobina para Salvador - 15 de janeiro de 2005.

Na noite anterior, lembro-me que passei horas me despedindo da janela do meu quarto, local onde passei centenas de noites na minha infância, admirando o céu ou vendo quem passava pela rua ao lado. Tinha chegado a hora de deixar tudo aquilo e vir para Salvador, conhecer coisas novas e ver no que iria dar todos esses desafios. Já se foram sete anos, bem vividos e cheios de experiências.

Chego aos 22 anos com muitos sonhos realizados, conquistas, mas cheio de sonhos ainda por realizar e, porque não, frustrações a serem resolvidas. O que mais me intriga é que quando somos crianças, jovens, ou até há três ou quatro anos, jamais imaginamos a posição que estaremos no futuro. Como um menino de Jacobina, que passou dias correndo atrás da bola nas quadras da AABB ou jogando gude na escola, imaginou o que ele seria aos 22 anos? Não mesmo! Neste intervalo, por exemplo, eu já tinha pensado em ser jogador de futebol, publicitário, advogado, psicólogo e, no fim, virei jornalista!
Nunca imaginei também que chegaria aos 22 anos e conheceria pessoas que hoje fazem parte da minha vida. É como se o destino colocasse cada uma delas em nossos caminhos, seja no momento certo ou em alguns casos em situações um pouco mais complicadas. Pessoas que nos provam que as amizades não se restringem à infância, podem brotar já na fase adulta, repletas de carinho e confiança.
Aos 22 anos, tenho consciência de que percorri parte do caminho, com bônus, de certa forma, surpreendentes. No entanto, ainda há muito a se caminhar, talvez mais do que irei conseguir. O que eu não posso e não quero é deixar de mirar no fim, de visualizar o completo! Eu sou mais novo do que me rotulam e mais velho do que tenho coragem de ser. Afinal, são só 22 anos!

domingo, 8 de abril de 2012

Mesmo longe, estou perto!


Daqui pra frente, este vai ser o meu novo espaço para publicar pensamentos, histórias e impressões de fatos e etapas vividos diariamente.  Quem vos fala aqui é o amigo, sem nenhuma intenção de informar ou noticiar nada. Aqui, meu objetivo é escrever sem compromissos, falar de questões pessoais, ligadas às minhas ideias e idiossincrasias.
Começo com uma experiência que parece simples, mas não por isso menos marcante. Amanhã boa parte da minha família embarca em um sonho, o casamento do primo Fábio em um cruzeiro, em alto mar do Rio de Janeiro até Salvador. Serão dois dias de muita festa e confraternização e a preparação já começou durante o feriado, com diversão sem limites na casa de um outro primo, em terras cariocas. Não pude ir porque o dever me mantém em Salvador, minha rotina de trabalho.
Não estar lá mexe um pouco comigo, mas não tanto como ver minha foto nas fotos! É isso mesmo... Alguém, que espero descobrir quem foi em alguns dias, colocou em prática a ideia de levar "uma foto minha" para que eu não fique de fora dos álbuns familiares. Pois é, e eu estou bombando no Rio, mesmo estando a quilômetros de distância. Ver tudo isso de longe emociona. Ser lembrado é sempre gratificante, ainda mais nestas condições, quando tantos outros detalhes eram mais importantes na preparação da viagem.
Antes mesmo do navio sair, já estou mais que presente. E se não bastassem meus pensamentos, que ficarão por lá nestes dois dias, levarão junto "eu mesmo". Valeu, galera! Boa viagem!