sábado, 12 de maio de 2012

À minha mãe, eterno amor

Setembro de 1989. Foi neste período que Socorrinho, mãe de um adolescente e uma criança, perdeu seu marido, vítima de um infarto fulminante. No meio de tanta dor, tendo que acalmar dois filhos que não conseguiam entender a morte do pai, ela mantinha forças para me levar em seu ventre. Sete meses depois, em abril de 1990, surge, então, a minha mãe. Ou seja, ela se torna mãe também para mim.
Neste contexto conturbado, minha mãe me cobriu com seu manto o tempo inteiro, preservando-me de qualquer dor ou sofrimento em excesso. Como ela mesmo conta, aprendi a lidar com a morte do meu pai através da história do filme Rei Leão, no qual o filhote, Simba, perde o seu pai, o rei Murfasa, tragicamente em uma amardilha. Haveria uma forma mais amorosa de me apresentar à dor? Certamente, não. O que era para ser sofrimento, logo, foi completamente suprimido por uma onda de amor incompreensível.

Voltando até onde a minha memória permite, posso afirmar o quanto as atitudes, ações e decisões de minha mãe foram essenciais para a formação do meu caráter. Curiosamente, não me recordo de chamá-la de "mãe", "mamãe" ou "mainha". A nomenclatura, quase egoísta, sempre foi minha mãe. Um método diário e repetitivo de reafirmar o orgulho e o prazer de tê-la como meu milagre, minha proteção.
Quando o filho adolescente cresceu e precisou sair de casa, ela de novo suprimiu qualquer sofrimento com doses homeopáticas de amor. Na minha vinda para Salvador, em janeiro de 2005, não houve despedidas chorosas, nem festas familiares hiperbólicas. Não. O que houve, como é de praxe conosco, foi um voto de confiança, fé e certeza de que a decisão era pretensiosa e válida. Sempre, incondicionalmente, ela esteve do meu lado.
Em meio a tanto sorrisos e gargalhadas, afirmo com toda convicção que minha mãe é a pessoa que mais me fez chorar nestes curtos 22 anos da minha história. Poucas vezes por tristezas, incontáveis vezes por emoção. Ler o que ela escreve, ouvir o que ela expõe ou simplesmente reativá-la em minha memória. Seja o que for, me emociona. E quando eu mais merecia broncas, lições de moral? Ela me apresentou o colo e o melhor remédio: o amor de mãe. E quando eu reclamei que não tinha carro, dinheiro suficiente e que meus amigos ganhavam mais de suas respectivas mães? Ela silenciou e deixou que o tempo me evidenciasse que caráter, honradez, conhecimento, educação e berço nunca me faltaram e foi a minha mãe quem me proporcionou tudo isso.
Por fim, e nunca menos importante, foi ela também quem desde o meu nascimento me apresentou a Deus e ao seu filho Jesus Cristo. Recordo-me com precisão que demorei a falar "eu te amo", fazendo isso com lucidez pela primeira vez aos 15, 16 anos... De lá para cá, felizmente, perdi as contas. Afinal, como não amá-la? Como não me emocionar escrevendo essas palavras? Como não dizer: Eu amo muito a senhora, minha mãe. E se você diz pouco isso à sua, mude! Faça logo, porque este arrependimento é incomparável.
Como qualquer filho, meu pedido neste Dia das Mães é para que a nossa relação se torne ainda mais afetuosa, que possamos compreender um ao outro, diante do enorme abismo temporal e de gerações que convivemos. Feliz Dia das Mães, minha mãe. Mais do que mãe, você para mim é Porto Seguro, é pai, é dedicação, é orgulho, dignidade e caráter. Para mim, você é a tradução perfeito do que é o amor.

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