segunda-feira, 1 de abril de 2013

Minha mais nova lição de amor...

O dia principal, todos diriam, era pra ser amanhã. Mas, a vida se encarregou de me dar hoje. Era mais uma segunda-feira comum. Acordava um pouco atrasado, saía com pressa de casa, mal falara com minha mãe que, acreditem, tinha vindo de Jacobina para me ver. Tudo para não deixar que os minutos a mais causassem um atraso no trabalho.
Cheguei no trabalho, tudo dentro da rotina. Reunião de pauta, produção, apuração, entrevistas. Até que meu dia foi interrompido, ou melhor, agraciado por uma conversa comum com um colega de trabalho. Nesse caso, um amigo de trabalho. Ele acabara de chegar de uma viagem. Me contava dos passeios, do que fez fora de Salvador. Como um detalhe a mais, me dizia que tinha levado a sua mãe no final de semana. Mais velho do que eu, meu amigo tinha viajado, de avião, para passar o feriado fora e levado consigo sua mãe, de quase cem anos. Seria isso possível? Depois que ouvi aquele "detalhe", tudo na história para mim se tornava coadjuvante. Do que valia ouvir como eram os espetáculo teatrais, as compras... No meu coração só entrava a ideia de que ele tinha ido com sua mãe, de quase cem anos, dedicado seu feriado a ela. Na minha cabeça aquilo era o "incrível" da história. Não teria sido mais divertido se a mãe dele tivesse ficado? Mente pequena demais a minha, diante de tanto amor...
Atordoado, fui voltando para casa... E eu, o que tinha feito por minha mãe? Ou melhor, como tinha feito por minha mãe? Pela manhã, há poucas horas, meu mau humor matinal sequer tinha deixado eu falar com ela direito... Por que não viver aquela prova de amor que acabara de ouvir? Peguei o telefone, chamei-a para ir ao cinema comigo. Ela disse que tinha outros programas, insisti. Já no carro, não conseguia falar muitas palavras. Ainda inundado pela história que tinha ouvido há poucas horas. Ingressos nas mãos, mas o filme só começaria em uma hora. Foi, então, que comprei dois chopps e comida japonesa. Somados aos bilhetes dos filmes, a conta não chegou nem a R$ 50. Se custasse R$ 500, acho que teria pago. O momento que estava se construindo parecia realmente que seria único... Ela gostou da comida, perguntou que chopp era aquele e fomos para a sala de cinema... O filme? A Busca, com Wagner Moura. Ela mesmo havia escolhido. "Não gosto de filmes de guerra", sempre repete. O longa conta a história de um pai que após saber que o filho desapareceu não mede esforços para encontrá-lo, vai além da lógica, da razão, do humano. A Busca do pai pelo filho é mais do que a representação do amor entre os dois, é a consolidação do laço, que é eterno.
Não tive esse amor paterno, mas tenho certeza que ele foi concentrado no amor que minha mãe sente por mim. Amor do jeito dela, idiossincrático. A volta para casa foi ainda mais silenciosa de minha parte. Ela falava, comentava do filme. Eu em silêncio. Olhos cheios de lágrimas, leve, ciente de que fazia história. Minha história. História pouco significante, talvez. Mas, história emocionante. Um dia para me modificar, para encontrar este sentimento chamado amor, na forma mais plena da palavra. Sem jamais esquecer que foi pelo outro que eu pude perceber o correto, o que deveria ser feito. Ainda acredito na humanidade, na nossa capacidade de viver momentos simples, felizes.
Amanhã, dia do meu aniversário, com minha mãe ao meu lado. Apenas pela vigésima terceira vez, mas talvez da forma mais importante. Ciente do que sinto por ela, da evolução da nossa relação e do que virá...
Ah! E o meu amigo acha que o maior presente que ele me trouxe da viagem foi um relógio, "antecipado de aniversário", como pontuou. Não, não foi. O maior presente foi o exemplo, o exemplo de amor.
E, no final desse texto longo, me pergunto porque escrever sobre tudo isso. Por que? Porque essa é a minha melhor forma de me expressar, de completar o meu ser. O texto é o meu melhor amigo, minha fonte eterna de inspiração. E, se a vida fugaz for, ele há de ficar. O texto, a palavra, a memória...

3 comentários:

  1. E vc mostrou este texto pra sua mãe?
    Para um cara silencioso como vc, cartas sempre foram úteis.

    P.S.: Encontrei 2 "errinhos" no seu texto. Ou teriam sido atos falhos?

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  2. Cissa, me dê uma licença emocional... kkkkkkkkkkk brincadeira! Mas é que eu realmente me emocionei ai escrever o texto, não queria perder o fio da emoção! Agora, dei uma revisada. Fiz as correções certas? Obrigado pelo acesso e pelas dicas!

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  3. Caramba... um silêncio cheio de gritos....


    Que eles possam logo se soltar, todos, Victor.
    Entrei no seu blog só na curiosidade, despretensiosamente.

    Vou saindo cheia de vida.

    bj

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