quarta-feira, 22 de maio de 2013

Um sabor em falta. Onde está o silêncio?

Hoje minha conversa comigo mesmo é sobre o barulho, ou melhor, sobre o silêncio. Por isso, escrevo no meu quarto com pouca luz, desta vez sem a companhia do rádio ou da TV, mesmo numa quarta-feira de futebol, como costuma se dizer no Brasil.
Pois é... Vivemos na lógica contemporânea do barulho, da informação o tempo inteiro, num período em que o silêncio é sabor raro, quase inatingível. Nós quase que não conseguimos nos perdoar por nos mantermos em silêncio, não é mesmo? Uma pessoa silenciosa hoje é logo rotulada como antipática, abatida, triste ou mal humorada. Rotulada por todos, inclusive por mim. Ou você nunca pensou desse modo? 
Tomar café vendo TV, ir no carro ou no ônibus com o som ligado, chegar no trabalho e ouvir, depois falar, ouvir mais um pouco e falar mais um monte. Na volta, mais som do carro, mais som nos fones durante a academia, fala-se no celular e, por fim, mais um pouco de TV pra pegar no sono. Barulho, barulho, barulho e... medo do silêncio. Medo mesmo. Medo de ficar só consigo mesmo. Medo de ouvir o que a natureza quer nos dizer...
Nessa verborragia diária, a sensação que dá é que ficar em silêncio é improdutividade. E, quando imaginamos que estamos em silêncio, eis que o maior barulho vem de nós mesmo. Leituras barulhentas, inquietações mentais, angústias que chegam até o céu da boca e não são faladas. Mais barreiras até o silêncio.
E de pensar que Maria, a Nossa Senhora Mãe, nos deixou o silêncio como fonte de inspiração e fé. O silêncio na dor, o silêncio na alegria e o silêncio missionário. Maria o tempo inteiro silenciou. Nós também precisamos silenciar. 


Ah, vale uma importante ressalva. Silencie, não se cale. Eis aí a grande diferença. Eis aí a grande diferença para os sábios que conseguem percebê-la.

3 comentários:

  1. Lindo Texto, muito bom! :D

    Thai Nogueira

    ResponderExcluir
  2. Amei! :) Maria nos ensina a silenciar e "guardar as coisas no coração". Acho que essa é a diferença entre o calar e o silenciar...
    Adoro seus textos, Jacó.
    beijo

    ResponderExcluir