segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Entre a cruz e a rotina


Quem percebe minhas postagens nas redes sociais ou já trocou alguma ideia comigo neste ano, deve ter percebido que estou buscando um 2016 ainda mais atento à minha vida religiosa e às minhas práticas de fé. A verdade é que essa busca é das mais difíceis e, dia a dia, tenho visto que se trata de algo mais significativo do que mais uma das "metas anuais" que a gente costuma traçar nos primeiros dias do novo calendário e escrever na agenda nova, tão limpinha que dá até pena de 'sujar'.

Não temos a possibilidade de viver mais plenamente a fé e a missão de Jesus Cristo sem nos curarmos deste apego material e desta busca pelo sucesso contemporâneo que tanto se fala na sociedade em que vivemos. Definitivamente, não dá para ser muito dos dois. Não, de forma alguma eu quero propor neste texto que para seguir uma vida mais cristã é preciso largar tudo, se ordenar padre e viver numa comunidade afastada de todos. Não é isso. Mas, é preciso se fazer uma escolha de valores. E essa escolha não pode ser só psicológica ou dialética, é necessário que tenha também repercussões de ordem prática.
Quando temos que escolher entre dedicar mais tempo à vida espiritual ou à vida profissional é que percebemos o quanto nossa fé é, realmente, menor que um grão de mostarda. Vejam se já ouviram ou pensaram nisto:
a. "Como um jovem talentoso e cheio de energia como você perde tanto tempo nas coisas da Igreja? Aproveita pra correr atrás da sua vida profissional e buscar ganhar mais, enquanto tá novo!"
b. "Já não tem mais idade pra ser padre, então, foque na sua profissão."
c. "Eu preciso garantir a minha vida primeiro: meu apartamento, meu casamento, meu cargo na empresa. Depois eu cuido mais da evangelização e das coisas de Deus." (comum pensarmos em reflexões pessoais).
d. "Se eu não fizer por onde - de todas formas e em todos os horários - como vou conseguir sucesso?", mais uma frequente indagação pessoal.

Jesus não poderia ter sido mais claro aos nossos corações:
"Por isso, eu vos digo: não vivais preocupados com o que comer ou beber, quanto à vossa vida; nem com o que vestir quanto ao vosso corpo. Afinal, a vida não é mais que o alimento, e o corpo, mais que a roupa? Olhai os pássaros do céu: não semeiam, não colhem, nem guardam em celeiros. No entanto, vosso Pai celeste os alimenta. Será que vós não valeis mais do que eles? Quem de vós pode, com sua preocupação, acrescentar um só dia à duração de sua vida? Olhai como crescem os lírios do campo. Não trabalham, nem fiam. No entanto, eu vos digo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles (...) Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá sua própria preocupação! A cada dia basta o seu mal." (Mateus, 6: 25-34)

Difícil acreditar numa verdade tão simples, não é? Como podemos nós - seres humanos dotados de tanta inteligência e capacidade de dominar os fatos - deixar às nossas vidas nas mãos de um Deus? Lembra da fé menor que um grão de mostarda? Lembra daquelas pessoas que te falam sempre que você é "um menino muito católico, cheio de fé"? Pois é, cuidado! O lance da fé menor que um grão de mostarda até faz sentido, mas as pessoas estão falando coisas que só você sabe que não fazem muito sentido assim... Rezemos pra ter fé e nunca nos orgulhemos por ter mais fé do que verdadeiramente temos.







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